Os primeiros operários da C.P.T (Companhia de Tecidos Paulista) eram arregimentados nas pequenas cidades do interior de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Eles eram conduzidos para Paulista num transporte chamado "sôpa". Vinham até famílias inteiras para trabalhar nas fábricas da Companhia. As pessoas eram agrupadas em lugares previamente estabelecidos, lá eram reunidas e alimentadas. Os chamados "agenciadores de famílias" mais conhecidos eram o Pedro Marques, "seu" Moisés, Renovato, Manoel José, "Alemão", "seu" Resende. Para convencer as pessoas a virem trabalhar nas fábricas os "agenciadores" faziam promessas mirabolantes do tipo, em Paulista eles, os operários, teriam muita fartura, que aqui existiam "montanhas de cuscuz" e "torneiras que davam leite"!
Quando conseguiam juntar um grupo de três ou quatro famílias providenciavam sua imediata remoção para Paulista, onde eram provisoriamente hospedados na rua da Mangueira, anexo ao armazém de estoque de tecidos.
Alguns dias depois, estas famílias eram removidas para o "chalet 2", mesmo em frente à "Casa Grande" onde seriam inicialmente apresentadas ao Coronel Frederico João Lundgren e logo depois encaminhados à "Localização dos Operários", para se fazer o registro profissional, inclusive recebimento de casa e distribuição às secções das Fábricas, indicados por Dona Ruth Rocha, assessorados pelo Sr° Mário Viana. Durante o período em que estivessem alojadas no Depósito da rua da Mangueira ou no "chalet 2", as famílias recebiam alimentação diária e assistência médica da C.P.T.
Não se sabe com precisão os números, mas estima-se que aproximadamente 15 a 16 mil operários trabalhavam nas seguintes Fábricas da Companhia: "Aurora", "Velha" e "Nova", entre homens, mulheres e crianças; algumas portadoras de certos defeitos físicos. Entre os deficientes físicos, podemos citar o operário conhecido como "Joca", um dos melhores gravadores da Companhia e irmão do desenhista de nome Hildebrando Eugênio.
Os meninos eram admitidos como "contínuos" e recebiam mensalmente seus salários através de recibos. Aqueles menores que não trabalhavam na Companhia, dedicavam-se, comumente, ao transporte de gelo da Fábrica "Aurora" para a residência de chefes de secções e ainda faziam outros fretes da feira livre, com seus próprios carinhos de mão, o que dava um ganho de 200 a 400 réis por cada transporte feito.
Desta forma, famílias inteiras deixaram suas roças e plantações, e vinham de longe, trazidas pela velha "sôpa" para construírem a riqueza das Fábricas da Companhia de Tecidos Paulista.