É muito conhecida em Paulista a Vila Torres Galvão, bairro onde se localiza a Igreja de São Francisco de Assis, recém-construída após a demolição da antiga igreja por causa das obras de ampliação da PE-15. A Câmara Municipal da cidade também é denominada de Casa de Torres Galvão, que é o patrono da Câmara. Quem foi Torres Galvão e qual a importância dele para a história de nossa cidade?
Antônio Torres Galvão nasceu em Goianinha, no Rio Grande do Norte, em 13 de junho de 1905. Partiu ainda muito jovem para a cidade de Paulista, a fim de trabalhar nas fábricas ali instaladas, onde começou sua carreira como escriturário da Auditoria da Companhia de Tecidos Paulista (C.T.P.). Destacou-se como líder operário e foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Têxtil de Paulista e Igarassu.
Autor de uma obra intitulada: Direito e deveres dos trabalhadores (1949), ressaltou na apresentação a "oportunidade de entrar em contato com a legislação trabalhista instituída no Brasil após a Revolução de 1930, que, inegavelmente, abriu novas perspectivas às massas trabalhadoras até então relegadas ao esquecimento pelos nossos homens de governo."
Por ser muito popular entre os paulistenses, não demorou muito para que ele se elegesse deputado estadual, pelo Partido Social Democrático (PSD), sendo eleito para exercer os seguintes mandatos: 1947/1951 e 1951/1955. No primeiro mandato participou da Assembleia Constituinte e integrou a Mesa Constituinte e, posteriormente a Mesa Diretora, na condição de 2º vice-presidente, até quando, no segundo mandato, foi eleito presidente da Assembleia em 1952.
A morte do governador Agamenon Magalhães, em 24 de agosto de 1952, alçou-o à chefia do Poder Executivo, onde permaneceu até a eleição do novo governador. No seu discurso de posse, referindo-se ao governador falecido, afirmou: "Governador Agamenon Magalhães: tombaste como o carvalho partido por fulminante raio no meio da floresta. Caíste como a águia nas montanhas rochosas, em pleno voo ascensional, quando a pátria te acenava para os mais altos remígios. Mas a tua queda elevou mais alto o teu nome nas lides do Brasil e a tua memória ficará indelével no coração da pátria estremecida." Torres Galvão ficou seis meses no cargo.
O coroamento da representação popular ocorreu com o projeto, convertido na lei Nº 41 de 02/09/1949 apresentado na Assembleia Legislativa Estadual de Pernambuco. A proposta era desapropriar uma área de cinquenta hectares de terras que pertenciam à Companhia de Tecidos Paulista, que acabou sendo aprovada pela Lei Municipal Nº 88 de 09/08/1948 e referendada pela Lei Estadual já citada. Essa área desapropriada se transformou na primeira área realmente livre da cidade, posteriormente denominada de Vila Torres Galvão. A Vila foi elevada à categoria de bairro em 1993 (Lei Municipal Nº 3198), após ser anexada à Vila Getúlio Vargas. Por essa razão ele recebeu o título de Libertador de Paulista, tendo sido o primeiro e único operário a governar o estado de Pernambuco.
Torres Galvão fez parte de um momento histórico, tanto para o município do Paulista como para Pernambuco. Paulista detinha aproximadamente um parque industrial com quase 20 mil operários. Avaliado como o maior conjunto de fábricas têxtil da América Latina da época. Ele passou para a história desta cidade como um exemplo de político competente, qualidade raras hoje em dia na maioria dos que ocupam cargos eletivos, que só sabem usar o cargo em proveito próprio e para o enriquecimento de suas posses, infelizmente. Políticos como Torres Galvão fazem muita falta no atual cenário brasileiro.